quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A DECISÃO DE PAPANDREOU [parte I]

A decisão do primeiro-ministro grego de avançar com um referendo ao povo grego sobre o novo programa de empréstimo financeiro a Atenas surpreendeu muita gente, principalmente Sarkozy e Merkel que não estavam à espera de tal afronta de Papandreou.


Ver noticias.rtp.pt de 1 de Novembro.


Mas o que se passa?

A artimanha fraudulenta chamada de “resgate dos países devedores” criada pelo sistema bancário só pode avançar se tiver apoio político, pois são estes que criarão a ilusão de que a dívida é de todos e que todos deverão contribuir para a saldar no mais curto espaço de tempo, mesmo que com isso se tenha de destruir toda a economia da nação.
Soa a absurdo?

É absurdo. Mas é exactamente isto que está a acontecer. Basta ter atenção ao tipo de políticas que estão a ser impostas por aqueles que dizem servir as populações.

É tudo uma hipocrisia.
Os políticos não servem as populações mas grandes interesses económicos de onde serão muito pessoalmente beneficiados.
Este intercâmbio de interesses tem sido a regra e não a excepção, tendo vindo a atingir acções cada vez mais escandalosas, em que o sistema de justiça não consegue responder, colocando mesmo em causa, aos olhos de todos, a sua tão aclamada independência.

Assim, os políticos têm agido e legislado conforme os ditames da banca, privilegiando esta acima de tudo e de todos, menosprezando o povo que juraram defender.

Mas algo está a mudar e isso está claramente demonstrado pela atitude inesperada de Papandreou.

Não é de espantar que Merkel e Sarkozy e outros líderes europeus tivessem ficado surpreendidos pois não era esta a regra do jogo.
Questionar as populações não é a política da União Europeia que tenta caminhar o mais rapidamente possível para um totalitarismo fascista com a sua população totalmente subjugada e escravizada.

[NOTA: Já repararam quem realmente dirige a União Europeia? Já repararam que os ‘decisores’ da União Europeia não são escolhidos e eleitos pela população? Indaguem sobre o passado de Merkel e de Sarkozy, poderão chegar a resultados surpreendentes e possivelmente esclarecedores.]

Mas então o que se passa?

Papandreou sempre foi um ‘político obediente’, a Grécia foi o primeiro país a aceitar o esquema de resgates e é bem visível o resultado catastrófico da famosa ‘ajuda’ dos bancos.
Que terá acontecido para Papandreou ‘furar o esquema’ agora?

Ele argumenta que o referendo irá fortalecer a democracia e responsabilizar o povo grego. Nisso tem razão e devolver o poder ao povo nesta tão importante questão em que a própria estrutura do poder na Europa está no fio da navalha, não é propriamente os planos de Merkel e Sarkozy que ficaram consternados pois perdem o poder de decisão nesta matéria.

Além de atrasar todo o processo no qual a União Europeia está a lutar contra o tempo, ficarão dependentes do resultado do referendo que não será muito difícil de prever. Ou seja, toda a sua estratégia em desenvolvimento ficará irremediavelmente comprometida.

Trata-se de uma decisão corajosa apesar de tardia, mas permanece a questão: O que levou Papandreou a tomá-la agora?

Se olharmos para o que aconteceu na Grécia após os ‘resgates’ percebemos que estes são armas financeiras de grande calibre utilizadas pela banca capaz de destruir toda a economia de um país, levando seus cidadãos à pobreza enquanto a mesma banca se apropria dos bens e riquezas desse país que prometeram ajudar.
É uma fraude monumental e o mais grave é que é imposta aos cidadãos com a ‘ajuda’ do actual sistema político ávido de poder e ganancioso.

A Grécia está um caos e os gregos estão sujeitos a medidas de austeridade que só farão aumentar o caos.
Os protestos nas ruas estão cada vez mais violentos e grande percentagem da população está, não só contra os resgates, mas também contra o próprio sistema monetário que deu origem a toda esta confusão.

Assim, Papandreou encontra-se numa encruzilhada. A Europa pressiona-o a aceitar um novo resgate enquanto a população que o elegeu o pressiona a declinar a oferta.
Papandreou decidiu dar a voz ao povo, o que é o mesmo que dar uma tampa a Merkel e Zarkozy.

Será isto uma demonstração do poder do povo que anda nas ruas pelo mundo fora desde Setembro a protestar precisamente contra este sistema monetário?

Claro que os políticos tomam mais facilmente uma decisão quando sabem que estão apoiados pela maioria da população, mas todos sabemos que normalmente não é isso que acontece.

Mas julgo que não foi um súbito ataque de ética ou apenas querer agradar o seu povo ou dividir responsabilidades como afirmou ou mesmo falta de coragem para enfrentar o touro sozinho. Há outros acontecimentos que deveremos tomar em conta que certamente ajudaram Papandreou a tomar tal decisão.


Como este post já vai longo e, não querendo tornar-me maçador, deixo a sua conclusão para breve.

Boa vida!

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