Torre da Goldman Sachs |
Na lista já constam mais de 300 resignações.
Ver a lista actualizada.
E a tendência é o número continuar a aumentar enquanto brevemente deverá iniciar-se uma outra lista de pessoas ligadas a governos.
Desta vez a novidade foi Greg Smith, director executivo da Goldman Sachs, ter abandonado a organização com uma carta aberta publicada no New York Times, provocando algum embaraço na empresa.
Nessa carta Greg Smith adianta que a organização "está mais interessada em ganhar dinheiro do que nos interesses dos clientes". Fala de um ambiente tóxico e destrutivo e de uma cultura de cobiça na qual não se revê.
Greg Smith |
Veja a reportagem no Dailymail.
Eis a carta em questão:
"Hoje é o meu último dia no Goldman Sachs. Depois de quase 12 anos na firma - primeiro como estagiário no Verão em Stanford, e depois em Nova Iorque por 10 anos, e agora em Londres - Acredito que trabalhei aqui o tempo suficiente para compreender a trajectória da sua cultura, o seu pessoal e identidade. E posso dizer honestamente que o ambiente agora é tóxico e destrutivo como nunca tinha visto.
Para colocar o problema de forma mais simples, os interesses dos clientes continuam a ser marginalizados na forma como a empresa opera e pensa em ganhar dinheiro. Goldman Sachs é um dos maiores e mais importantes bancos de investimento e está demasiado integrado nas finanças globais para continuar a agir desta forma. A empresa desviou-se tanto do seu caminho desde quando eu entrei logo depois de terminar a faculdade que não posso mais dizer, de acordo com a minha consciência, que continuo a identificar-me com o que ela representa.
Pode parecer surpreendente para um público céptico, mas a cultura sempre foi uma parte vital do sucesso da Goldman Sachs. Girava em torno do trabalho de equipa, integridade, espírito de humildade, e sempre fazer o certo pelos seus clientes. A cultura foi o segredo que o transformou num óptimo local e nos permitiu ganhar a confiança dos clientes por 143 anos. Não se tratava apenas de ganhar dinheiro; só isto não teria sustentado a empresa por tanto tempo. Tinha haver com orgulho e fé na organização. Sinto tristeza em dizer que quando olho hoje à minha volta e não vejo virtualmente qualquer vestígio dessa cultura que me faz amar trabalhar para esta empresa por tantos anos. Agora perdi esse orgulho e essa fé.
Gary D. Cohn |
Soube que era altura de sair quando percebi que não podia olhar mais os estudantes de frente e dizer-lhes que era um excelente local para trabalhar.
Quando os livros de história escreverem sobre a Goldman Sachs, poderão dizer que foi durante o mandato do actual director executivo, Lloyd C. Blankfein, e do presidente, Gary D. Cohn, que a empresa perdeu a sua cultura. Eu acredito firmemente que o declínio da fibra moral na empresa representa a mais séria ameaça à sua sobrevivência a longo prazo.
Durante a minha carreira tive o privilégio de dar aconselhamento sobre dois dos maiores fundos do planeta, a cinco dos maiores gestores dos EUA, e três dos mais importantes fundos soberanos do Médio-Oriente e Ásia. Os meus clientes tinham uma base de activos de mais de um trilião de dólares. Tive sempre muito orgulho em aconselhar os meus clientes a fazer o que eu achava ser certo para eles, mesmo que isso significasse perda de dinheiro para a empresa. Esta visão está a ficar cada vez mais impopular na Goldman Sachs. Outro sinal que era altura para sair.
Como chegamos aqui? A empresa mudou a sua forma de liderança. A liderança costumava ser sobre ideias, dar o exemplo e fazer a coisa certa. Hoje, quem fizer dinheiro suficiente para a empresa (e não for um ex assassino) será promovido a uma posição de influência.
Lloyd C. Blankfein |
Hoje, muitos deste líderes apresentam um quociente da cultura Goldman Sachs de exactamente zero%. Eu assisto a reuniões de vendas onde nem um minuto é gasto com questões sobre como podemos ajudar os clientes. É puramente como podemos ganhar o mais dinheiro possível com eles. Se fosse um alienígena de Marte e assistisse a uma dessas reuniões, acreditaria que o sucesso ou o progresso de um cliente não fazia parte do processo.
Nos últimos 12 meses já vi cinco diferentes directores a referirem-se aos seus clientes como "muppets", às vezes no email interno. Mesmo depois do S.E.C., Fabulous Fab, Abacus, God's work, Carl Levin, Vampire Squids? Sem humildade? Quero dizer, vamos lá. Integridade? É desgastante. Eu não conheço qualquer comportamento ilegal, mas será que não vão empurrar produtos lucrativos e complicados aos clientes mesmos que estes não sejam os investimentos mais simples e mais directamente alinhados com os objectivos do cliente? Com certeza. Todos os dias de facto.
Surpreende-me como a gerência sénior pouco se apercebe de uma verdade básica: Se os clientes perderem a confiança, acabarão por parar de negociar. Não interessa o quão esperto se possa ser.
Actualmente, a questão mais comum que recebo de analistas sobre derivativos é: "Quanto dinheiro vamos ganhar do cliente?". Incomoda-me cada vez que escuto isso porque trata-se de um reflexo claro do que observam nos seus líderes sobre o modo como deverão comportar-se. Agora projectem-se para 10 anos no futuro: Não é necessário ser um cientista para perceber que um analista sossegadamente sentado num canto a escutar "muppets", "tirar os olhos" e "receber pagamentos", não o faz tornar-se num cidadão modelo.
No meu primeiro ano como analista não sabia onde eram os sanitários nem como apertar os atacadores. Fui ensinado a preocupar-me em aprender as regras, descobrir o que era um derivativo, perceber as finanças, conhecer os clientes e o que os motiva, aprender como eles definem sucesso e o que podemos fazer para os ajudar a atingi-lo.
Os momentos de que me sinto mais orgulhoso na vida - a obtenção de uma bolsa integral para ir da África do Sul para a Universidade de Stanford, ser seleccionado como bolsista finalista nacional Rhodes, vencer uma medalha de bronze em Ténis de mesa nos Maccabiah Games em Israel, conhecidos como Olímpicos Judeus - foram todos conseguidos através de trabalho duro, sem atalhos. Goldman Sachs tem hoje demasiados atalhos e pouca realização. Já não me parece certo para mim.
Espero que isto seja uma lição para os actuais directores. Façam novamente do cliente o ponto fulcral do negócio. Sem clientes não fazem dinheiro. De facto, nem existiriam. Eliminem as pessoas moralmente falidas, sem olhar para o lucro que trazem para a empresa. E apanhem a cultura certa novamente, para as pessoas poderem trabalhar aqui pelas razões certas. Pessoas que se preocupam apenas em ganhar dinheiro não sustentarão esta empresa - ou a confiança dos seus clientes - por muito mais tempo."
Fonte: The New York Times
Todos já tínhamos percebido que a banca está mais interessada em concentrar-se nos seus lucros do que preocupar-se com clientes. Mas agora há um depoimento escrito por alguém de topo de uma das maiores instituições financeiras mundial e com amplo conhecimento do mundo financeiro que o denuncia de uma forma mordaz.
"Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades." Confirma o ditado popular com a sua sabedoria mundana.
Boa Vida!
Novos desenvolvimentos!
ResponderEliminarDesta vez foi um WHISTLEBLOWER da JP MORGAN CHASE que enviou uma carta aberta à CFTC(diz ele na sequência deste demissionário da GS), publicando-a na secção dos COMENTÁRIOS, tendo esta sido IMEDIATAMENTE REMOVIDA E CENSURADA - houve no entanto quem conseguisse gravar o referido texto:
http://market-ticker.org/akcs-www?post=203423
INFORMAÇÃO BRUTAL E URGENTE!!!
Boa Vida!